Queria ter feito meu
relato de parto no dia seguinte após o parto. Mas o tempo foi passando e eu só
adiando... E lá se foram quatro meses...
Engravidei em outubro.
Foi planejado, mas não imaginamos que ia acontecer tão rápido. Decidimos ter o
bebê e... pimba! Duas semanas depois o teste de farmácia comprovou a gravidez!
Assim que tive a
confirmação comecei a pesquisar tudo o que podia sobre gravidez. Tudo que eu
descobria ia contando para meu marido. Apesar de não ter ler sobre o assunto
ele prestava atenção em tudo que eu falava e foi em todas as reuniões comigo.
Hoje ele é mais ativista que eu. Fala de parto natural para toda grávida que
ele vê! Kkkk
Eu já acompanhava um
blog no yahoo (mãe de salto alto) e tinha lido um post sobre parto humanizado.
Eu tinha certeza que queria um parto normal, pois minha mãe tinha tido seis
partos normais. Morria de medo da cesárea. Mas até então, parto humanizado para
mim era ter o bebê na água. Sabe de nada, inocente! Nas minhas pesquisas encontrei o blog do Ishtar. Já me identifiquei só de ver o nome, pois gosto de mitologia e já tinha lido sobre essa deusa. Comecei a acompanhar o grupo no yahoo e depois no facebook.
Mas só
pude ir à primeira reunião em janeiro. Engraçado que tinha procurado sobre
doulas e, coincidentemente, vi o perfil da Helena em um dos blogs.Quando fui a primeira reunião,
lá estava ela coordenando e o tema era justamente acompanhantes para o parto.
Naquele dia decidi que ela seria minha doula!
Antes de conhecer o
Ishtar quase caí na lábia dos cesaristas do Santa Fé naquele famoso curso de
gestantes. Ainda bem que escapei!!! Como todo mundo, comecei a fazer o
pré-natal particular. Mas depois fui para o SUS. Eu queria o sis para fazer o
pré-natal no Sofia, mas como as coisas em Ribeirão das Neves são lentas tive
que esperar para conseguir o número e acabei fazendo quase todo pré-natal no posto mesmo. Minha gravidez foi bem tranquila. Participei de várias reuniões e
chás de bênçãos, estudei muito sobre parto e curti bastante a gravidez.
Lá pelo meio da
gestação começou a brotar a vontade de um parto domiciliar. Eram tantas
histórias lindas de parto domiciliar... Eu acho que não me sentiria confortável
no hospital. Eu ODEIO médico. Sério! Nunca dei certo com nenhum. Já consultei com uns 8 ginecologistas e só
dei certo com uma, mas infelizmente ela se aposentou. L Mas até irmos visitar o Sofia o PD era uma
possibilidade distante. Meu marido achava que nunca poderíamos ter um parto em
casa, pois nossa casa é muita pequena e não tínhamos dinheiro para pagar uma
equipe. Foi na visita ao Sofia que conhecemos a equipe e a vontade cresceu. Até
meu marido se empolgou com a ideia! Mas a casa era um empecilho. Foram cinco
semanas conflitantes para mim. Meu marido queria que o PD fosse na casa da
minha mãe, minha mãe e meus irmãos estavam morrendo de medo que alguma coisa
acontecesse comigo no parto domiciliar e aí foi aquele mal estar. Conversei com
a Kalu, com a Helena pedindo opinião até resolver que eu teria o PD na minha
casa mesmo e pronto. Meu marido vendo que eu estava decidida, apoiou. Nossas
famílias estavam com medo, mas não falaram mais no assunto. Tenho certeza que
minha mãe orou o tempo todo por mim! Voltei no Sofia para conversar com a
equipe. No dia não havia nenhuma das enfermeiras lá, mas me passaram o telefone
da Sintia. Liguei e conversamos. Ela me disse que talvez não fosse possível
porque na minha dpp parte da equipe estaria de férias. Ela ficou de conversar
com a coordenadora da equipe para ver se poderia me encaixar. Nesse dia quase
desisti do PD achando que não ia conseguir. Alguns dias depois, a Sintia me
ligou dizendo que elas iriam me acompanhar. Depois disso ainda teve a saga do
estreptococos. Eu não descansei enquanto o resultado não saiu. Fiquei tão feliz
quando deu negativo!!!!
Comecei a fazer o pré-natal com a equipe de PD com
35 semanas. Que diferença! As meninas são ótimas, eu me senti muito à vontade
com elas! Fazer pré-natal com enfermeiras é muito melhor do que com médico!!!Fiz os preparativos
finais para o parto a partir das 37 semanas. Passei a fazer as terapias
integrativas do Hospital Sofia Feldman que acabaram com as minhas dores e
reduziu muito minha ansiedade. Terminei
meu plano de parto. Fui fazendo a playlist do parto e comprando as coisas que
faltavam. Com 38 semanas comecei a sentir as primeiras contrações, ainda
indolores e irregulares. No dia 13 de junho cheguei a sentir contrações com
cólicas de 10 em 10 minutos, mas elas duraram apenas 1 hora. Eu sabia que o bebê não iria se antecipar.
Minha intuição dizia que ele nasceria no dia 29 de junho... Com 38 semanas uma
amiga se ofereceu para tirar as fotos. Foi um presente inesperado que me deixou
muito feliz!Com 39 semanas tive o chá de bênçãos. Foi um chá bem intimista,
apenas a doula, meu marido, eu e mais um casal. Mesmo com tão poucas pessoas,
foi um chá muito especial e eu me sentia muito feliz. Tinha escrito no blog uma
carta para meu bebê e escrito no meu diário pessoal todos os medos que eu
tinha. Fiz isso para exorcizar todos os medos e limpar a minha mente. Queria
entrar em TP livre, leve e solta...
No dia 26 de junho fui
à faculdade tirar as fotos para o convite de formatura. Durante o trajeto para
a faculdade percebi que as contrações estavam ritmadas, de 10 em 10 minutos.
Fiquei feliz, sabia que estava próximo. Revi minhas amigas. Todo mundo
perguntando para quando era o bebê. E eu respondendo: em teoria hoje. De acordo
com a DUM, ele deveria nascer naquele dia. Contei para meu marido e ficamos a
postos. Estávamos bem tranquilos. Fui dormir sentindo as contrações e às 2h da
madrugada, acordei sentindo cólicas. Levantei fui fazer um lanche e mexer um
pouco no facebook. Fiquei conversando com um amigo até às 4h da manhã. Sentia
cólica semelhante a da menstruação que duravam uns 40 segundos e vinham de 20
em 20 minutos. Assim que as dores acabaram, voltei a dormir. Ainda não era o
TP. No dia seguinte, meu marido me perguntou como estava. Eu não estava sentindo
nada, mas sabia que tudo começaria em poucas horas. Queria que ele ficasse
comigo, mas também não podia impedi-lo de ir trabalhar. Disse que estava tudo
bem e ele foi para o serviço. Eu fui à padaria, tomei café e arrumei a casa sentindo
as contrações levinhas e irregulares. Mas quando foi mais ou menos 9h30 da
manhã senti uma contração bem forte que me fez ficar de quatro no chão. Liguei
para o marido chorando, pedindo para ele vir logo. Mandei mensagem para a
Helena, e para a Síntia, a EO que ia me
acompanhar no parto. Na minha cabeça eu entraria em trabalho de parto quando o
tampão saísse. Eu já estava sentindo contrações que pareciam de TP e nada do
tampão. Mandei mensagem para Helena e a Sintia falando que estava sentindo
contrações regulares, mas o tampão ainda não tinha saído. A Helena respondeu
dizendo que não era para eu me prender ao tampão e sugeriu que eu tomasse um
banho para relaxar . Então esqueci do tampão e fui para o chuveiro para diminuir a dor e
fiquei um pouco na bola de pilates. Durante o banho vieram quatro contrações.
No entanto, após o banho, as contrações foram embora e eu comecei a achar que
estava exagerando e que talvez fosse alarme falso. A Helena me ligou e eu
estava até sem graça, pois parecia que o TP tinha parado. Logo depois a Sintia
ligou e eu disse que ia esperar até a hora do almoço para ver o que ia
acontecer. Fiquei deitada na cama esperando e as contrações não vinham. Meu
marido chegou e eu estava ainda sem saber o que fazer. As cólicas vinham muito
espaçadas. Ele fez o almoço, mas eu não consegui comer direito. A Síntia me
ligou e eu ainda estava na mesma. Falei que ia esperar mais um pouco. Deitei no
sofá e tirei um cochilo.
Quando foi por volta
das 14h as contrações voltaram e com muita força. Não era uma simples
colicazinha. Era um dor forte no pé da barriga. Começava super forte e depois
ia diminuindo. Contorci-me no chão de dor, começando a chorar. Agora a porra
tinha ficado séria! Márcio, meu marido, me abraçava, meio sem saber o que
fazer. Resovli ir para o quarto ficar um pouco na bola de pilates. O Márcio me
segurando, me ajudando a lembrar da respiração. Ele sugeriu começar a contar as
contrações. Acho que estava mais ou menos de 15 em 15 minutos. Nesse momento eu
vomitei. Não adiantou nada ter comido kkkk Depois disso senti que era a hora de
ligar para a equipe, era o TP começando. Pedi para o Márcio ligar para a
Helena, a Síntia e para a fotógrafa. Tinha colocado os telefones na porta da
geladeira para facilitar. O tempo que se seguiu até a chegada da Sintia pareceu
uma eternidade; Helena chegou logo depois. Quando ela chegou eu estava no meio
de uma contração, senti um alívio tão grande quando eu a vi!!! Me passou uma tranquilidade enorme.
A Sintia calculou o
tempo das contrações, estavam de 10 em 10 minutos. Ouviu os batimentos fetais e
a pressão, estava tudo ok. O jeito era esperar. Helena e o Márcio estavam
comigo no quarto, enquanto a Sintia estava na sala. Após um tempinho pedi para
medir a dilatação. Durante toda a gravidez eu não tinha feito toque. A Sintia
foi muito delicada, me pediu licença e tudo, mas definitivamente toque é
horrível!!! Quando a enfermeira disse que eu estava com três para quatro
centímetros de dilatação e o colo estava fino, senti uma ponta de desanimo.
Ainda ia ficar muitas horas em TP. Mas decidi não pensar mais na dilatação e
não fazer mais nenhum toque. Eu ainda não estava em TP ativo, tudo poderia
acontecer. A Sintia me aconselhou a tomar um chá. Tomei um chá de erva doce,
mas vomitei logo depois. Mais ou menos nessa hora a fotografa chegou. Naquela
hora eu não queria foto de jeito nenhum e mandei a fotografa ir embora. Mas ela
ficou. Como eu vi que ela não foi embora, ignorei. Ela já estava lá mesmo.
Resolvi não pensar em mais nada. Tudo o que eu queria era que meu TP
engrenasse.
Como eu ainda não
estava em TP ativo, a enfermeira resolveu ir embora e voltar depois quando eu
estivesse na fase ativa. Fiquei algum tempo na cama deitada. Dormia nos
intervalos das contrações. O Márcio e a Helena ficaram ao meu lado o tempo
inteiro, me abraçando, fazendo massagens e aguentando meus gritos. O mantra do
meu TP foi: “Tá doendo”! Sempre que vinha a contração eu dizia isso e dizia no
ritmo das contrações, no início alto e depois diminuindo. Realmente as
contrações são como uma onda. Começam bem fortes e vão diminuindo aos poucos
até acabar. Acho que pior que sentir a dor era saber que ela ia voltar a
qualquer momento. Dava um misto de desespero, angústia e ansiedade. Nos
intervalos eu estava tão cansada que entrava num estado de semiconsciência,
meio acordada, meio dormindo. Nesse momento as contrações pareciam estar
espaçadas, mas como não tinha ninguém contado, não dava para saber de quanto
tempo eram os intervalos. Ficamos assim até a Helena sugerir que eu fosse para
debaixo do chuveiro.
Fiquei um bom tempo
debaixo do chuveiro. A sensação da água caindo no pé da barriga dava um alivio,
parecia que as contrações diminuíam. Eu não queria sair de lá nunca mais,
rsrsrs. Às vezes eu me lembrava da respiração, mas na maioria das vezes em que
viam as contrações eu só gritava. Enquanto o Márcio e a Helena faziam massagem
e tentavam me confortar. Até que uma hora eu pensei: “Tenho que parar de
gritar. Vou relaxar e controlar a respiração para o TP engrenar.” Fiquei
calada, de olhos fechados. A contração vinha e eu respirava fundo, tentando não
pensar na dor. Nos intervalos eu conversava com o Vladimir. Não lembro o que eu
disse. Mas tentava imaginar que eu já estava com a dilatação completa, que eu
estava pronta e que ele podia vim. Falava do que eu sentia por ele, do que eu
fiz durante a gestação esperando a chegada dele e falei dos planos futuros. Foi
um desabafo. Consegui fazer isso durante umas cinco contrações. Eu escutava a Helena e o Márcio conversando.
Eles estavam preocupados com o meu silêncio. Eles tentaram conversar comigo,
perguntaram se estava tudo bem e eu só assenti com a cabeça. Então comecei a
pensar que aquilo não estava dando certo. Eu estava cansada, não queria mais
sentir dor. Abri os olhos e comecei a falar que queria ir para o hospital tomar
anestesia. A Helena e o Márcio riram e argumentaram falando que ia dar muito
trabalho, que não era isso que eu queria, e que eu estava em casa, era só ficar
tranquila que estava tudo indo bem e não sei mais o quê. Eu falava que não
estava aguentando mais sentir dor, se eu tomasse anestesia eu ia poder
descansar e depois eu voltava pro TP com mais força! Ficava falando com uma
vozinha mansa, manhosa. Era tudo papo furado! Eles viram que eu não estava
falando sério! Na minha cabeça se eu fosse para o hospital, enquanto estava no
carro o TP ia parar, eu ia poder descansar e depois eu voltava a me concentrar
no parto. Kkkkkk Nada a ver. Mas à medida que eles foram falando vi que se eu
fosse ter anestesia, ia ir para o hospital sentindo dor e o TP duraria mais
tempo ainda. Então resolvi deixar pra lá. Eu não queria anestesia mesmo. Nessas
horas a gente fala tanta coisa!
As contrações voltaram
e eu não consegui mais controlar a respiração. Ficava só gritando. Até que a
chave do chuveiro caiu e a água ficou fria. O Márcio foi ligar a chave de volta
e aí eu comecei a pensar que já estava há muito tempo debaixo da água. Quantos
litros de água já deviam ter ido embora? Quanto nós íamos pagar de conta de
água e luz? Kkkkkk Eu não podia ficar a vida inteira debaixo do chuveiro.
Aquilo não era parto ativo coisa nenhuma, eu tinha que ficar em pé! Mas cadê a
força pra levantar? Precisei de mais umas duas contrações pra criar coragem.
Quando levantei também, foi de uma vez. Falei que queria ir pro quarto e saí
andando. A Helena atrás com a toalha para me secar. Foi nesse momento que o TP
engrenou de verdade.
Fui para o quarto e
cravei as mãos na grade do berço. Fiquei em pé. A cada contração eu segurava
mais forte na grade. Minhas mãos ficaram dormentes, mas eu não conseguia
soltá-las. Nessa hora a Helena fazia uma massagem de apertar os ossos do
quadril que eram uma benção. Quase cortavam as contrações. Depois ela revezou
com o Márcio nas massagens. O Márcio não fazia igual. Eu pedia para ele colocar
mais força nas mãos. Tadinho! Ele cansou rapidinho e logo pediu para trocar com
a Helena. Durante todo o tempo que fiquei no quarto a Helena e o Márcio me
deram água. Eu não tinha vontade de comer nada. O que me deu forças foi aquela
vitaminas de caixinha da Itambé. Tomei o litro todo!!
Quando fui para o
quarto a Helena perguntou se eu queria ouvir alguma música. Eu já tinha feito a
playlist do parto. Repassei as músicas mentalmente na cabeça e respondi: “Nenhuma”.
Kkkk. Tinha colocado tanta coisa no meu plano de parto. Queria incenso, música
tal em momento tal e na hora não quis nada. Só depois que vi, pelas fotos, que
a Helena tinha acendido um incenso.
Senti frio e me
cobriram com o roupão.As contrações foram ficando mais intensas. E eu me rendi.
Fazia o que meu corpo pedia. Fiz cocô. Nessa hora não tinha vergonha de nada. O
lado animalesco submerge! Eu pensei em tantas coisas. Mergulhei dentro de mim
mesma! Quando não aguentei mais ficar em pé, fiquei de cócoras. Sempre
segurando na grade do berço. As dores foram aumentando e o mantra mudou dessa
vez era: “Vai passar”, sugestão da Helena que tentava me tranquilizar com essas
palavras. E ajudou mesmo! Até que me cansei e deitei. Aí as contrações começaram
a vir uma atrás da outra sem intervalo. Fiquei desesperada vendo que não estava
passando. Foi quando senti alguma coisa descendo pelas minhas pernas e falei: “Tá
saindo alguma coisa de dentro da minha vagina.” Kkkkk Era o tampão. Eu já tinha
até me esquecido dele. O Márcio limpou com o papel higiênico e me mostrou,
dizendo: “Você não queria ver o tampão, olha ele aqui.” E eu respondi; “Já vi
um monte na internet”. Até a Helena riu. Mas é que não estava dando conta nem
de olhar para o lado!
Como o tampão tinha saído
a Helena nos lembrou de ligar para a Sintia. Acho que ela tinha ligado algumas
vezes, mas foi só nessa hora que tivemos certeza que eu estava na fase ativa. Ela
chegou rápido e fez os procedimentos de costume: medir pressão e ouvir coração.
Depois que o tampão
saiu as contrações voltaram a ficar espaçadas e eu sentia uma vontade enooorme
de fazer força. Sentia ele se mexendo dentro de mim e fazendo pressão para
baixo. Eu já não gritava, urrava!!! Eu sabia que não podia fazer força, mas não
conseguia parar. Foi aí que me lembrei da banheira. Pedi para encher a banheira
e todo mundo entrou em desespero. Corre pra lá, corre pra cá. A ideia era ligar
a mangueira no chuveiro. Mas a mangueira era muito grande e água estava
chegando fria na banheira. O jeito era esquentar a panela no fogão. Mas todas
as minhas panelas eram pequenas. Iam ficar a vida inteira enchendo a banheira.
O Márcio correu na casa da mãe dele para pedir um caldeirão.
Eu fiquei sozinha com a
Helena no quarto. Foi a hora que eu achei que não ia mais conseguir. Nessa
angústia, abracei a Helena procurando acolhimento. De leoa, virei menina. Nunca
vou me esquecer daquele abraço e do olhar de carinho da Helena. É nessas horas
que entendemos a importância de uma doula nos acompanhando. Helena foi como uma
mãe para mim.
Então as contrações
deram um intervalo longo e eu pude pensar com calma. Pela correria eu vi que
não ia dar tempo de encher a banheira. Pedi pra largar a banheira para lá e
voltei para o chuveiro.
Sentei na banqueta de
parto. Eu já estava cansada, as contrações vinham com força! Esperei o Márcio
chegar. Ele chegou afobado. O Chamei para
o banheiro expliquei que não queria mais a banheira, mas que estava nervosa.
Ele me acalmou e me lembrou da minha visualização de parto. Aí eu consegui
relaxar. A Helena sugeriu que eu colocasse a mão para sentir a cabecinha.
Coloquei, a vagina estava inchada, mas não consegui sentir a cabeça dele. Poucos minutos depois veio uma contração e eu
senti a cabeça dele descendo. Junto veio um ploc, era a bolsa que tinha
estourado. Na hora eu nem percebi que era a bolsa, achei que era só o movimento
da cabeça dele pressionando. Quando eu disse: “A cabeça dele tá aqui.” Acho que
ninguém acreditou. Eu tinha acabado de
falar que não tinha sentido a cabeça! Nessa hora eu senti o círculo de fogo. E
falei: “Nossa o círculo de fogo, é do jeito que falaram mesmo.” Aí todo mundo
acreditou. Todo mundo ficou a postos esperando! O Márcio olhou e viu a
cabecinha saindo. A Helena perguntou se eu queria ver. Disse que não, apesar de
ter dito no plano de parto que queria ver. Mas eu estava tranquila. Não
precisava ver, sabia que ele estava vindo. Relaxei. Veio outra contração e
senti a cabeça dele saindo direitinho. O
Márcio estava segurando a cabecinha e viu que ele o cordão estava enrolado no
pescoço. Eram duas circulares. Ele ficou
um pouco apreensivo. A enfermeira desenrolou o cordão. Logo depois veio outra
contração e ele saiu inteiro nas mãos da Sintia e do Márcio que estava ajudando
a segurar e veio direto para os meus braços. Foi inacreditável, inexplicável: ele estava ali, nos meus braços!
Na hora eu pensei que ia rir ou chorar, mas
tudo o que eu consegui foi olhar para o Vladimir sem acreditar. Eu estava em
choque. Foi tudo tão rápido! E ele era tão lindo. Durante a gestação não tinha
feito nenhuma expectativa de como ele seria fisicamente. E quando o vi, o achei
a coisa mais linda do mundo! Ele quase não tinha vérnix. Achei o Vladimir tão
limpinho, tão durinho, meu príncipe! A enfermeira
olhou a hora: 00:28. Na minha cabeça já deviam ser umas 4h da manhã. Surpreendi-me com
o horário.Tinha perdido a noção do tempo quando estava na partolândia. O Vladimir não chorou. A
Sintia massageou as costinhas dele e ele começou a respirar aos pouquinhos. A
cor roxa foi saindo, dando lugar ao rosado. Seu apgar foi 9/10.
Fomos para o quarto.Fiquei com ele no colo,
o admirando, conversando com ele até o cordão parar de pulsar. Achei bem chato esperar a
placenta sair. Continuar com as
contrações me incomodou muito. Tentamos a amamentação, ele chegou a pegar o seio, mas não mamou.
Ele só foi mamar mesmo ás 16h da tarde, desde então não largou mais, rsrsrs. Quando o cordão parou de pulsar o Márcio cortou o cordão e pedi que aplicassem
a ocitocina, esperamos uns minutos para fazer efeito e a Sintia foi puxando a
placenta devagar. Foi um alívio quando saiu. Guardamos a placenta no freezer e vamos plantá-la junto com um pé de abacate assim que possível. Depois o Vladimir ficou com o pai.
Tive laceração e foi preciso fazer a sutura, mas não sei quantos pontos foram. Tomei um banho com a ajuda da Helena e da Sintia e jantei.Minha pressão estava muito baixa. Estava fraca. Comer me ajudou a recuperar as forças. O Vladimir
foi avaliado, ele nasceu com 3,345 kg e 49 cm. Todas só foram embora depois de ver que tudo estava bem com a gente. As três foram ótimas!
Nessa noite não
consegui dormi direito, pois não conseguia desgrudar os olhos do meu anjinho.
Fiquei um tempão pensando no que eu tinha acabado de viver. Quanta emoção. Que momento intenso! Me senti tão mulher, tão forte! Feliz!!! Parir é algo sem explicações! Ter tido um parto sem intervenções na minha casa foi um sonho! Só de pensar que se fosse no hospital meu marido não estaria comigo, eu não ficaria tão à vontade... Sem dúvida, ter o bebê em casa é mais tranquilo e confortável. Não trocaria meu lar por um hospital, por melhor que seja. Não tem comparação!
Gostaria de agradecer
ao Ishtar-BH pelas informações e apoio, a Eliana Cunha pela inspiração; a Letícia
Dawahri por ter me ajudado a dizer não ao meu sabotador; a Helena, minha doula amada, pelo apoio incondicional; a Sintia
pela excelente assistência e a todas meninas da equipe de PD do Sofia Feldman; a
Angelita Alves pelas fotos lindas e pelo carinho; e, principalmente, ao meu
maridoulo que gestou e pariu junto comigo nosso bebê. Obrigada Deus por te me
concedido essa graça!